Nascido em 19 de janeiro de 1923, no Fundão, Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, faria hoje 100 anos. Morreu no Porto, a sua cidade adotiva, em 2005, com 82 anos.
Para saberem mais sobre Eugénio de Andrade cliquem no link e assistam ao programa da RTP:
https://www.rtp.pt/play/p11209/e666710/centenario-de-eugenio-de-andrade.
Esperamos que gostem dos poemas que escolhemos para homenagear o autor.
Cliquem também nos links para ouvirem o seu poema Velho, Velho, Velho, declamado por Rodrigo Lopes e cantado pelo Ricardo Vicente.
Gatos
Gatos dos
quintais,
gatos dos
portões,
gatos dos
quartéis,
gatos das
pensões.
Vêm da Índia,
da Pérsia,
da Nínive,
Alexandria.
Vêm do lado da
noite,
do oiro e rosa do dia.
Gatos das duquesas,
gatos das meninas,
gatos das viúvas,
gatos das ruínas.
Gatos e gatos e gatos.
Arre, que já estamos fartos!
EUGÉNIO DE ANDRADE
VELHO; VELHO;
VELHO
Velho, velho,
velho
chegou o
Inverno.
Vem de sobretudo,
vem de cachecol,
o chão por onde passa
parece um lençol.
Esqueceu as luvas
perto do fogão,
quando as procurou,
roubara-as o cão.
Com medo do frio,
encostou-se a nós:
dai-lhe café quente,
senão perde a voz.
Velho, velho, velho
chegou o Inverno.
In: Aquela Nuvem e Outras (1986)