segunda-feira, 30 de novembro de 2020

85.º Aniversário da morte de Fernando Pessoa.

 

Passam hoje 85 anos da morte de Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio.

Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, criou heterônimos - poetas com personalidades próprias que escreveram sua poesia. nasceu em Lisboa, Portugal, no dia 13 de junho de 1888. Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade.

Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.

Em 1901, Fernando Pessoa escreveu seus primeiros poemas, em inglês. Com 16 anos já havia lido os grandes autores da língua inglesa, como William Shakespeare, John Milton e Allan Poe.

Em 1902 a família voltou para Lisboa. Em 1903 Fernando Pessoa retornou sozinho para a África do Sul e frequentou a Universidade de Capetown (Cabo da Boa Esperança).

Pessoa regressou a Lisboa em 1905 e matriculou-se na Faculdade de Letras, porém deixou o curso no ano seguinte. A fim de dispor de tempo para laer e escrever, recusou vários bons empregos. Só em 1908 passou a trabalhar como tradutor autônomo em escritórios comerciais.

Em 1912, Fernando Pessoa estreou como crítico literário na revista “Águia” e como poeta em “A Renascença” (1914). A partir de 1915 liderou o grupo mentor da revista “Orpheu”, entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada-Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho.

Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido "plural", como se definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviveram nele.

 




Autopsicografia

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

 

Tabacaria

 

"Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

1.º de Dezembro – Restauração da Independência

 





 O dia 1 de dezembro é feriado nacional. Sabes porquê?  

Como sabes, durante cerca de 60 anos, no chamado período do ‘’Domínio Filipino’’,  o Rei de Espanha era simultaneamente o Rei de Portugal. Este ocupou o nosso país e oprimiu-o. Mas, na manhã de 1 de dezembro de 1640, 120 conspiradores (nobres portugueses) invadiram o Paço da Ribeira, em Lisboa, para derrubar a dinastia espanhola que governava o país desde 1580.

É nesta data que se relembra a ação dos 120 conspiradores (nobres portugueses) que invadiram o Paço da Ribeira, em Lisboa, para derrubar a dinastia espanhola que governava o país desde 1580. Miguel de Vasconcelos, que representava os interesses castelhanos, foi morto a tiro e atirado pela janela. Foi do balcão do Paço que foi proclamada a coroação do Duque de Bragança, futuro D. João IV, iniciando assim a IV Dinastia – a Dinastia de Bragança.

No entanto, a Restauração da Independência só foi reconhecida pelos espanhóis 27 anos depois, com a assinatura do Tratado de Lisboa.

Este é  o feriado civil mais antigo, tendo sobrevivido à Primeira República, ao Estado Novo e à chegada da democracia.

É costume comemorar-se este feriado na Praça dos Restauradores, em Lisboa com honras de Estado onde também se comemora o Dia da Bandeira. A partir de 2013, como parte de um pacote de medidas que visavam aumentar a produtividade, o governo português tinha decidido eliminar o feriado de 1 de dezembro. No entanto, a comemoração da Restauração da Independência Portuguesa foi retomada como um feriado em 2016.

 Vê o vídeo para saberes um pouco mais. Bom feriado

https://youtu.be/H6eBGHXFuyQ

terça-feira, 24 de novembro de 2020

O Dia Mundial da Ciência assinala-se a 24 de novembro e tem como objetivo enaltecer o papel da ciência para o desenvolvimento humano, assim como destacar grandes nomes da ciência, colocar desafios para o futuro e fomentar o gosto pela ciência nas gerações mais novas.

A palavra ciência deriva do latim scientia cuja tradução significa conhecimento e representa “qualquer conhecimento ou prática sistemáticos”.

A origem da ciência surgiu numa tentativa de procurar respostas para as perguntas curiosas da humanidade. O homem procurou saber o porquê das coisas. Alguns dedicaram as suas vidas inteiras à ciência procurando compreender o mundo à sua volta.

Ao longo dos tempos a ciência tem promovido o desenvolvimento humano, procurando melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A ciência é, sem dúvida, uma ferramenta imprescindível para continuidade do progresso!

Em Portugal, foi criado em 24 de novembro de 1996 o Dia Nacional da Cultura Científica. Foi escolhido este dia pois foi neste data mas em 1906 que nasceu Rómulo de Carvalho, o professor de Física e Química responsável pela promoção do ensino de ciência e da cultura científica em Portugal. Rómulo de Carvalho foi também poeta, sob o pseudónimo de António Gedeão. Sugerimos que ouças um dos seus poemas, alusivo à ciência e também à igualdade.

 


https://youtu.be/9kvoUd9utFM

 

domingo, 22 de novembro de 2020

Casa da Mariquinhas - Coro Feminino do Conservatório de Música de Paredes

 E porque devemos apoiar os músicos da terra, muitas delas nossas ex-alunas, um bocadinho do que se faz , mesmo em tempo de quarentena, por Paredes. O Coro Feminino do Conservatório de Música de Paredes.

Dia do Músico e de Santa Cecília/ Concertos em Casa · Coro Infantil Casa da Música


No dia 22 de novembro, comemora-se o Dia do Músico. É também o dia da padroeira dos

músicos, Santa Cecília.

Santa Cecília é a santa da Igreja Católica com mais basílicas e igrejas na Europa. É a padroeira da música sacra, dos músicos e dos poetas. Diz-se que Santa Cecília cantou a Deus enquanto morria martirizada e que mesmo após resistir aos três golpes no pescoço ainda se ouviam os seus cânticos.

Que haja sempre música entre nós para que a vida seja mais bonita.


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Dia Internacional dos Direitos da Criança -20 novembro

 A 20 de novembro comemora-se o Dia Internacional dos Direitos da Criança. Mas quais são esses direitos?

Hoje, as crianças têm direito a ser ouvidas, a dar a sua opinião e a participarem nos assuntos da sociedade que lhes dizem respeito. Mas há 52 anos não era assim. Foi a Declaração dos Direitos da Criança que veio mudar tudo. Aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Declaração dos Direitos da Criança é uma carta, adaptada da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece os direitos e liberdades atribuídos às crianças. Assim, os governos de todos os países que assinaram esta carta estão obrigados a fazer leis de forma a garantir que estes direitos são respeitados. Mas que direitos são esses? Ei-los:

·        Todas as crianças têm o direito à vida e à liberdade. 

·        Todas as crianças devem ser protegidas da violência doméstica, do tráfico humano e do trabalho infantil.

·        Todas as crianças são iguais e têm os mesmos direitos, não importando a sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade.

·        Todas as crianças devem ser protegidas pela família e pela sociedade.

·        Todas as crianças têm direito a um nome e a uma nacionalidade.

·        Todas as crianças têm direito a alimentação, habitação e atendimento médico.

·        As crianças portadoras de deficiências, físicas ou mentais, têm o direito à educação e aos cuidados especiais.

·        Todas as crianças têm direito ao amor, à segurança e à compreensão dos pais e da sociedade.

·        Todas as crianças têm direito à educação, que deve ser gratuita e obrigatória. E têm direito a brincarem.

·        Todas as crianças têm direito a não serem violadas verbalmente ou serem agredidas por pais, avós, familiares, ou mesmo a sociedade. 

Quarenta anos depois desta Declaração, uma série de países assinaram um outro documento, que alarga os direitos das crianças. Chama-se Convenção sobre os Direitos das Crianças e diz que as crianças (todas as pessoas com menos de 18 anos) devem ser ouvidas em assuntos que lhe dizem diretamente respeito, nomeadamente em tribunal. Acrescenta também que as crianças têm o direito de exprimirem livremente a sua opinião e de estarem informadas.

Clica nos links para veres mais sobre este assunto.

https://youtu.be/2txldr_OVcg

https://youtu.be/KMG1BWFRTmg

https://youtu.be/RjScqfGTpoQ

https://drive.google.com/file/d/14ShSGAyDldqD7XaOG2MgsF9UyLWWWMVM/view?usp=sharing





quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Uma História Tradicional por dia não sabe o bem que lhe fazia - Episódio 2

Uma nova Palavra

 

Palavra. O que é?  Qual a definição no dicionário? 

Unidade linguística com um significado, que pertence a uma classe gramatical, e corresponde na fala a um som ou conjunto de sons e na escrita a um sinal ou conjunto de sinais gráficos; Mensagem oral ou escrita

 in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, 

https://dicionario.priberam.org/palavras [consultado em 18-11-2020].

Hoje em dia, há algumas palavras que se repetem quase até à exaustão: covid, pandemia, confinamento...

Mas todos queremos que estas palavras deixem de fazer parte do nosso vocabulário diário e passem a ser lembranças de uma fase menos boa.

Queremos que palavras como "riso", abraço", "encontro" voltem a ter o papel principal. 

Como diz o João Pedro Mésseder:

 "quero uma nova palavra

aberta de par em par

como o rosto de um menino

com paisagens no ouvido

e cantigas no olhar."


 




sexta-feira, 13 de novembro de 2020

KINDNESS DAY - DIA DA DELICADEZA/BONDADE

 

Foi em 1998 que, em Tóquio, no dia 13 de novembro, que se realizou a primeira conferência do World Kindness Movement (Movimento Mundial pela Bondade). O objetivo era “criar um mundo mais bondoso e pleno de compaixão”.

Hoje em dia o Kindness Day celebra-se em vários países do mundo, tais como o Canadá, a Austrália, o Japão, a Nigéria e os Emirados Árabes Unidos. Em certos países oferecem-se flores neste dia, quer a conhecidos, quer a desconhecidos.

Ao celebrar este dia pretende-se fazer crescer no mundo o sentido de bondade das pessoas. Um simples obrigado, um belo sorriso ou um gesto carinhoso são pequenas ações que podem fazer toda a diferença. Espera-se que se plantem as raízes para se verificar a bondade durante o resto do ano. Um simples obrigado, um belo sorriso ou um gesto carinhoso são pequenas ações que podem fazer toda a diferença.

Este ano não é o mais propício para distribuir abraços ou oferecer flores mas podemos sempre:

 

ü  Oferecer um gesto simples lá por casa, lavar o chão, levar o lixo, tratar da loiça coisas simples;

ü  Mandar uma mensagem a alguém, só perguntar “Como andas? Como está tudo?”

ü   Dar um elogio ao vizinho, mas com as devidas distâncias;

ü   Sorrir a todas as pessoas com quem te cruzes! Ainda que vás de máscara;

ü  Agendar uma sessão de zoom ou skype pra matar saudades;

ü   Ligar aos primos, irmãos ou tios;

Assim como a imensidão do mar é formada por gotas, gestos simples são capazes de promover grandes transformações.




terça-feira, 10 de novembro de 2020

MARIA CASTANHA António Torrado

 

O céu estava cinzento e quase nunca aparecia o sol, mas enquanto não chovia os meninos iam brincar para o jardim.

Um jardim muito grande e bonito, com uma grade pintada de verde toda em volta, de modo que não havia perigo de os automóveis entrarem e atropelaremos meninos que corriam e brincavam à vontade, de muitas maneiras: uns andavam nos baloiços e nos escorregas, outros deitavam pão aos patos do lago, outros metiam os pés por entre as folhas secas e faziam-nas estalar – crac,crac - debaixo das botas, outros corriam de braços abertos atrás dos pombos, que se levantavam e fugiam, também de asas abertas.

Era bom ir ao jardim. E mesmo sem haver sol, os meninos sentiam os pés quentinhos e ficavam com as bochechas encarnadas de tanto correr e saltar.

Uma vez apareceu no jardim uma menina diferente: não tinha bochechas encarnadas, mas uma carinha redonda, castanha, com dois grandes olhos escuros e brilhantes.

- Como te chamas? - perguntaram-lhe.

- Maria. Às vezes chamam-me Maria Castanha.

- Que engraçado... Maria Castanha! Queres brincar?

- Quero.

Foram brincar ao jogo do apanhar. A Maria Castanha corria mais do que todos.

- Quem me apanha? Ninguém me apanha! Ninguém apanha a Maria Castanha!

Ela corria tanto. Corria tanto que nem viu o carrinho do vendedor de castanhas que estava à porta do jardim, e foi de encontro a ele. Pimba! O saco das castanhas caiu e espalhou-as todas à reboleta pelo chão. A Maria Castanha caiu também e ficou sentada no meio das castanhas.

- Ah. Minha atrevida! – gritou o vendedor de castanhas todo zangado.

- Foi sem querer – explicaram os outros meninos.

- Eu ajudo a apanhar tudo. – disse Maria Castanha, de joelhos a apanhar as castanhas caídas.

E os outros ajudaram também. Pronto. Ficaram as castanhas apanhadas num instante.

- Onde estão os teus pais? – perguntou o vendedor de castanhas à Maria Castanha.

- Foram à procura de emprego.

- E tu?

- Vinha à procura de amigos.

- Já encontraste: nós somos teus amigos – disseram os meninos.

- Eu também sou – disse o vendedor de castanhas.

E pôs as mãos nos cabelos da Maria Castanha, que eram frisados e fofinhos como a lã dos carneirinhos novos. Depois, disse:

- Quando os amigos se encontram, é costume fazer uma festa. Vamos fazer uma festa de castanhas. Gostam de castanhas?

- Gostamos! Gostamos! – gritaram os meninos.

- Não sei. Nunca comi castanhas, na minha terra não há. – disse Maria Castanha.

- Pois vais saber como é bom.

E o vendedor deitou castanhas e sal dentro do assador e pô-lo em cima do lume. Dali a pouco as castanhas estalavam… Tau! Tau!

- Ai, são tiros? – assustou-se a Maria Castanha, porque vinha de uma terra onde havia guerra.

-Não tenhas medo. São castanhas a estalar com o calor.

Do assador subiu um fumozinho azul-claro a cheirar bem. E azuis eram agora as castanhas assadas e muito quentes que o vendedor deu à Maria Castanha e aos seus amigos.

- É bom, é. – ria-se Maria Castanha a trincar as castanhas assadas.

- Se me queres ajudar, podes comer castanhas todos os dias. Sabes fazer cartuchos de papel?

A Maria Castanha não sabia mas aprendeu. É ela quem enrola o papel de jornal para fazer os cartuchinhos onde o vendedor mete as castanhas que vende aos fregueses à porta do jardim.

 

António Torrado, Maria Castanha





Tradições de S. Martinho

 

Por cá a tradição é fazer um magusto. Faz-se uma fogueira, assam-se castanhas e bebe-se vinho novo, água-pé ou jeropiga.

Já em Espanha, este dia é chamado de San Martín e a tradição é a matança de porcos, costume que deu origem ao ditado popular 'a cada cerdo le llega su San Martín' (cada porco tem o seu São Martinho), que significa que cada um receberá aquilo que merece. Este costume é celebrado especialmente nas regiões das Astúrias, Navarra, Salamanca e Estremadura.

Outro país onde se comemora este dia é a Bélgica, mas apenas numa pequena parte do país, a região Este de Flanders. Aqui, no dia 11 de novembro, as crianças percorrem as ruas com velas e lanternas, cantando músicas sobre o São Martinho e faz-se uma refeição tradicional à base de ganso.

Na Alemanha, tal como em Portugal, também era tradição fazer-se uma fogueira, chamada Martinsfeuer, contudo o objetivo não é assar castanhas, mas sim representar a luz com que os santos iluminam a escuridão, assim como São Martinho levou luz aos pobres com as suas boas ações.

Hoje em dia já não se fazem fogueiras, mas continua a representar-se a luz através das procissões com lanternas chamadas Martins-Zuge, protagonizadas essencialmente pelas crianças. Para os adultos sobre a tradição de adultos bebem vinho quente tradicional de inverno, o famoso Gluhwein.

Em Itália, a tradição assemelha-se um pouco à portuguesa, uma vez que é também a altura em que se prova o chamado vinho novo, em italiano vino novello. Para acompanhar não há castanhas, mas sim um petisco chamado zeppole or frittelle di San Martino, uma espécie de panquecas de São Martinho.

São estas algumas das celebrações de São Martinho pela Europa, com bastantes diferenças de país para país, contudo todas elas com algo em comum, o convívio entre as pessoas, por isso, hoje, não deixe de se reunir com quem mais gosta e desfrutar de umas belas castanhas assadas com jeropiga.






S. MARTINHO

 

 

“Se o inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho”!

São Martinho foi um cavaleiro, um monge e um santo. Diz-se que foi capaz de trazer o verão ao outono e, graças a ele, todos os anos comemos castanhas. Foi a 11 de novembro que São Martinho foi sepultado na cidade francesa de Tours, a sua terra natal e é por esse motivo que a data foi a escolhida para celebrar o Dia de São Martinho. Eis uma visão da história:

Corria o ano de 337, no século IV, e um outono duro e frio assolava a Europa. Reza a lenda que um cavaleiro gaulês, chamado Martinho, tentava regressar a casa quando encontrou a meio do caminho, durante uma tempestade, um mendigo que lhe pediu uma esmola. O cavaleiro, que não tinha mais nada consigo, retirou das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio com a espada, e deu-o ao mendigo. Nesse momento, a tempestade desapareceu e um sol radioso começou a brilhar.

O milagre ficou conhecido como «o verão de São Martinho». Desde então, por altura de novembro, o ríspido tempo de outono vai embora e o sol ilumina-se no céu, como aconteceu quando o cavaleiro ofereceu o manto ao mendigo.

É por causa desta lenda que, todos os anos, festejamos o Dia de São Martinho a 11 de novembro. O famoso cavaleiro da história era um militar do exército romano que abandonou a guerra para se tornar num monge católico e fazer o bem.

São Martinho foi um dos principais religiosos a espalhar a fé cristã na Gália (a atual França) e tornou-se num dos santos mais populares da Europa! Diz-se que protege os alfaiates, os soldados e cavaleiros, os pedintes e os produtores de vinho.

Além de Portugal, também outros países festejam este dia. Em França e Itália, à semelhança de Portugal, comem-se castanhas assadas. Já em Espanha, faz-se a matança de um porco, e na Alemanha acendem-se fogueiras e organizam-se procissões.

Queres saber mais? Clica nos links.


https://www.leme.pt/biografias/m/martinho.html

www.noticiasmaia.com/

 

Canção dos Abraços

Também sentem , como nós, falta de um abraço entre amigos? 

Em breve vamos poder abraçar a todos mas,  até lá fica aqui a letra da "Canção dos Abraços" de Sérgio Godinho e um link para poderes ouvir a música e uma mensagem do cantor/autor, a propósito da pandemia.

Esperamos que gostem.


https://www.rtp.pt/noticias/cultura/cancao-dos-abracos-de-sergio-godinho_v1222173




CONTO DO DIA

 Hoje sugerimos que leias o conto da Luísa Ducla Soares, "Meninos de todas as cores".

Clica no seguinte link, para visualizares o conto.

https://www.scribd.com/document/483687182/Meninos-de-Todas-as-Cores-Luisa-Ducla-Soares


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Dia Mundial do Cinema -05 de novembro

 


A  05 de novembro celebra-se anualmente o Dia Mundial do Cinema.

Ao cinema atribuiu-se o título de Sétima Arte, uma designação dada pelo italiano Ricciotto Canudo na obra Manifesto das Sete Artes, em 1912.

A palavra cinema pode ser definida como movimento gravado, pois trata-se de uma abreviação de cinematógrafo. O termo "cine", de origem grega, significa movimento, e o sufixo "ágrafo", tem significado de gravar.

Em 1895, Paris teve a primeira sessão pública de cinema, que foi organizada pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. Utilizando um aparelho chamado de cinematógrafo, imagens em movimento foram projetadas numa grande tela para cerca de 30 espetadores.

Para assinalar o Dia Internacional do Cinema, os espaços culturais incentivam a apreciação da Sétima Arte com exibição de filmes gratuitamente, realização de concursos e até exposições relacionadas com a história dessa manifestação artística. O Museu da Farmácia homenageia a escritora inglesa Agatha Christie com uma visita temática inspirada no universo dos seus livros e uma tertúlia que liga literatura e cinema.

        Clica nos links para saberes mais e poderes assistir, online, à tertúlia promovida pelo Museu da Farmácia.

https://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/dia-mundial-do-cinema-porque-vale-a-pena-celebrar-a-memoria

https://www.pportodosmuseus.pt/2020/11/02/agatha-christie-visita-museu-da-farmacia-no-dia-mundial-do-cinema/




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Pão e poesia

 


Na minha escola havia uma matéria chamada “Biblioteca”, adorada por todos os alunos.

O motivo de tanta adoração não é esse que a nossa esperança literária acalenta, o amor pela leitura. Era de outra ordem: o amor pelo ócio. Ou melhor, pela liberdade, para não soarmos tão vagabundos. Durante uma hora, não precisávamos copiar textos do quadro, nem fazer exercícios, nem decorar regras e sistemas, nem nada. Estávamos livres. Era assim, ao menos, que a maioria compreendia a matéria. Íamos para a biblioteca, e folheávamos revistas, e batíamos papo, e cantávamos baixinho, e dormíamos.

Ler? Ah, sim, estávamos rodeados de livros. Havia inclusive uma simpática bibliotecária que sempre nos perguntava, “O que vocês vão ler hoje?”. A maioria mostrava, sorridente, uma revista: de quadrinhos, de cinema, de fofocas. A simpática bibliotecária balançava a cabeça, em reprovação afetuosa, e seguia adiante. Quando passava por mim, piscava o olho e me dizia baixinho, “Chegou aquele livro de poesia”, tão baixinho que só eu ouvia, só eu era atingida por aquela rajada de vento entre as mesas da biblioteca, naquela hora repleta de risadas abafadas e sussurros incontroláveis. O livro em questão era da Cecília Meireles.

Na época, eu estava mortalmente apaixonada por um menino da escola. E como o menino nem desconfiava da minha existência, eu acabei mais apaixonada ainda, pela poesia. Procurei-te em vão pela terra, perto do céu, por sobre o mar. Se não chegas nem em sonho, porque insisto em te imaginar?, era o verso do poema Meu sonho, de Cecília, que eu repetia e repetia e repetia sem cansaço nem descanso. Era uma música, para mim. Com o mesmo poder melódico de me transportar, comover e transformar. De alegre, ficava triste. De tanta tristeza, me alegrava.

Em outra aula, a bibliotecária simpática não me viu mais entre as risadas e as revistas. Lá estava eu entre as estantes, menina arrastando pernas e esperanças, diante de uma plaquinha  na qual estava escrito “Poesia brasileira”. Havia pego por acaso um livro. Amar o perdido/ deixa confundido/ este coração. E por acaso os meus olhos haviam caído naquela página. As coisas tangíveis/ tornam-se insensíveis/ à palma da mão. E lia palavras que eu não entendia imediatamente o significado (o que é tangível?, perguntei à minha mãe naquela noite, durante o jantar), mas as entendia completamente numa outra ordem de entendimento. Numa ordem esquisita de taquicardia e ardor no rosto. Mas as coisas findas/ muito mais que lindas/ essas ficarão. De onde estava, a bibliotecária simpática não podia ver: eu suspirava. Lendo Memória, poema de Carlos Drummond de Andrade, eu esquecia aos poucos o menino da escola, mas acendia e reacendia eternamente o meu amor. Assustada, compreendi, também numa outra ordem de compreensão (de mãos frias e tropeços ofegantes) que as palavras têm temperatura.

Elas esquentam e esfriam como qualquer coisa viva.

Comecei a perder a memória poética quando entrei para a Faculdade de Letras. Precisava de tempo para estudar literatura, teoria literária e outras disciplinas que enchiam as minhas prateleiras de livros. Livros sobre algum escritor, ou algum movimento literário, ou alguma teoria, ou algum teórico, ou a respeito de certo aspecto da literatura tal, destrinçado por, ou a obra de um escritor de acordo com, ou fragmentos de, comentados por, ou ensaios de sobre.

Quando me formei, já não conseguia mais repetir de coração nenhum poema. Um único verso que fosse, eu não sabia. Afinal, era uma moça estudada. Foi uma pessoa que não lembro agora, provavelmente alguém desavisado, que me presenteou, na minha formatura, com um livro de poesia. Da primeira vez em que me assassinaram, li, trêmula, com o diploma nas mãos. E agora? Eu perguntava, apertando com força Mário Quintana.

Só então eu percebia que algo precioso havia se escapado de mim. E agora? Formada, fui dar aulas de literatura brasileira para o Ensino Médio, com a viva esperança de trabalhar com a leitura e a escrita. No entanto, apenas um semestre foi o suficiente para me desesperançar. Da primeira vez em que me assassinaram, repeti o verso de Quintana, assim que saí da sala, após a prova na qual era muito importante saber qual era o período literário representado por Cecília Meireles, perdi o jeito de sorrir que eu tinha, e se Carlos Drummond de Andrade podia ser considerado modernista, Depois, de cada vez que me mataram/ foram levando qualquer coisa minha...

Quando saí desse emprego, fiquei rodando horas pela cidade até me deparar enfim com uma livraria. Entrei, sôfrega. “Poesia”, pedi ao livreiro, como se pedisse num bar uma bebida. Com pedaços de mim monto um ser atônito, era o Manoel de Barros que me falava. Li e reli o verso, sorvendo das palavras o espanto, a alegria, a angústia de uma menina na biblioteca, o pousar de mãos de um senhor em seus cabelos brancos, o saltitar de um menino atravessando a rua, a moça que, de brincadeira, se escondia do namorado. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação, o poeta cantava, e eu repetia, repetia. Tentava recuperar algo que sentia perdido, e que talvez só a poesia…

Talvez, uma capacidade de me enternecer.

Cláudia Lage