Natália Correia nasceu no
dia 13 de setembro de 1923, em São Miguel, nos Açores.
Foi poetisa, dramaturga e jornalista e deixou uma vasta
obra de diferentes géneros, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Foi deputada
na Assembleia da República, onde defendeu, entre outras ideias, que a
intervenção política era uma “obrigação dos poetas”.
Organizou também várias antologias de poesia portuguesa
como “Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses” ou “Antologia da Poesia do
Período Barroco”. Dona de uma personalidade carismática, desafiou as convenções.
Na década de 80, foi autora da série “Mátria”, da RTP, que apresentava uma
visão do lado matriarcal da sociedade portuguesa. Natália Correia é a autora da
letra do Hino dos Açores, aprovado pelo Governo Regional dos Açores em 1980.
Em 1981, foi nomeada Grande-Oficial da Ordem Militar de
Sant'Iago da Espada e em 1991 recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação
Portuguesa de Escritores, pelo livro “Sonetos Românticos”. Foi-lhe também atribuída
a Ordem da Liberdade.
Morreu a 16 de março de 1993, em Lisboa.
Nuvens correndo num rio
Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!
Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.
Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?
Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?
Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.
Natália Correia