terça-feira, 15 de setembro de 2020

Boas - vindas

 

Olá a todos!

A Equipa da Biblioteca deseja-vos as boas -vindas ao ano letivo de 2020/2021.

Será, sem dúvida, um ano diferente e com algumas mudanças. Mas, se todos fizermos a nossa parte, será certamente  um bom ano, cheio de alegrias e sucessos.

Da nossa parte faremos todos os possíveis para que te sintas bem na tua Biblioteca e que possas voar nas asas dos seus livros, crescer em sabedoria e ser um aluno exemplar.

Um forte abraço, e não te esqueças: ler ajuda-te a saber mais, a voar sem sair do lugar, a sonhar com mundos possíveis de alcançar! Ler faz-te criar amigos em todos os lugares e ajuda-te a enfrentar as  "tempestades” do dia-a-dia. 

Para começar deixamos-te um conto de boas-vindas. Esperamos que gostes!




A GAIVOTA DO MAR


A Ilha Verde revirou os olhos espantados ao ver um barco tão pequenino, como nunca nenhum tinha entrado no seu porto.

- Olá! Bom dia! Eu sou a Ilha Verde. E tu, como te chamas?

- Eu sou o Barquinho Sem Nome.

- Sem nome? – admirou-se ela, abrindo ainda mais a boca da enseada.

- Sim. Tu só dás nome a alguma coisa de que gostas; e como eu ainda não tive quem gostasse de mim, não tenho nome.

- Se calhar é por seres pequeno e ainda não te dares com muita gente…

- Já corri alguns mares e já vou conhecendo os ventos e as correntes. Mas as pessoas… é mais difícil. A minha vida é sempre a navegar e não tenho tempo para criar amigos. Quando chego a uma terra, estou tão cansado que só me apetece dormir. E, assim, passo por muitos sítios e por muita gente, mas nunca conheço ninguém, nem crio laços de amizade. Por isso não tenho nome…

- Mas deve ser bom poder viajar como tu… - suspirou a ilha. – Queres levar-me contigo?

- Tu és uma ilha e eu não posso transportar-te. Tu estás presa à rocha lá por baixo do mar. Mas podes divertir-te a mergulhar fundo nas tuas águas, vendo as plantas marinhas dançarem ao som da música do silêncio e dos coros de peixes que abrem e fecham as bocas ao mesmo ritmo. Tu tens a sorte de ter sempre a teus pés esse espantoso mundo do fundo do mar. Não lamentes não poderes vir comigo.

- Tens razão: também é bom ser como sou. Mesmo assim tenho pena de não conhecer outras paragens…

- Se tens tanto desejo de ir pelo mundo fora, o mais que eu posso fazer é levar uma das tuas gaivotas e ela depois conta-te como é esta vida de viagem . 

                                                             

E assim foi. Sortearam a quem caberia a vez e foi a gaivota mais traquina da Ilha Verde que se preparou para partir.

Às vezes ficavam longo tempo calados, sentindo o bater das ondas rasgadas pela quilha do barco. Outras vezes, punham-se a fazer corridas, a ver quem levava a melhor. O que interessava era mesmo a brincadeira e acabavam por esquecer quem ganhava ou perdia.

E tornaram-se tão inseparáveis que o Barquinho Sem Nome passou a ser conhecido pelo “Gaivota do Mar”.

A viagem decorria calmamente. O tempo estava bom e o mar era um lago.

Mas uma noite…

Pum! Pumbarapum! Barapumpumpum!

O “Gaivota do Mar” assustou-se: nunca tinha vivido uma trovoada a sério.

Os raios faziam riscos de luz enraivecida no espaço negro, como lanças atiradas para o mar. Este inchou as ondas e rugiu alto. Até a noite acordou e chorou em gritos o sono perdido, vestida de um ar roxo, quente e abafado.

O Barquinho parou, a tremer.

Valeu-lhe a sua amiga gaivota que o acalmou:

- Não tenhas medo! O tempo zanga-se de vez em quando, mas nunca dura muito. Agora faz-nos balouçar um pedaço, mas depressa se há-de cansar e com meia dúzia de relâmpagos fica satisfeito. Faz é muito barulho e incomoda toda a gente. Mas nós já sabemos que ele tem mau génio.

E o Barquinho continuou a avançar, com muito cuidado, subindo as ondas e descendo até aos buracos que se abriam no meio do mar. E o seu narizito arrebitado tornou-se ainda mais arrebitado, para cortar o caminho a direito.

No dia seguinte, o tempo amainou e puderam tomar um rico banho, descansando da noite atribulada.

As ondas, pintadas de verdes e azuis variados, propuseram-se ajudá-los.

- Não foi por mal que ontem não te deixamos seguir com a velocidade que desejavas. O Tempo é que mandou. E ele é o nosso senhor. Mas hoje vamos puxar para o teu caminho as correntes mais favoráveis, e tu vais recuperar as horas perdidas.

O Barquinho agradeceu às ondas o auxílio e à gaivota a companhia:

- Amiga! É tão bom não nos sentirmos sós no meio da tempestade… E caminharam juntos, até que…

- Já tenho saudades da minha ilha – disse a gaivota. – Gosto de ti, mas é altura de regressar. Lá tenho a minha casa e a minha família. É o lugar que escolhi para viver. É possível que não nos vejamos durante muito tempo, mas sabemos que somos amigos e poderemos viajar no coração um do outro. E quando voltares a passar perto da minha ilha não te esqueças de me vir visitar.

- Irei - prometeu o “Gaivota do Mar”. – Depois tu mostras-me a tua terra e ensinas-me a conhecê-la como tu a conheces e a gostar dela como tu gostas. Tornar-se-á também a minha ilha.

“E se criar amigos em todos os sítios por onde passar, poderei sentir-me um pouco como o sol e habitar o mundo inteiro como se fosse a minha própria casa.”

 

Maria Maya


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