Olá a todos!
A Equipa da Biblioteca deseja-vos
as boas -vindas ao ano letivo de 2020/2021.
Será, sem dúvida, um ano
diferente e com algumas mudanças. Mas, se todos fizermos a nossa parte, será certamente um bom ano, cheio de alegrias e sucessos.
Da nossa parte faremos todos os
possíveis para que te sintas bem na tua Biblioteca e que possas voar nas asas
dos seus livros, crescer em sabedoria e ser um aluno exemplar.
Um forte abraço, e não te
esqueças: ler ajuda-te a saber mais, a voar sem sair do lugar, a sonhar com
mundos possíveis de alcançar! Ler faz-te criar amigos em todos os lugares e
ajuda-te a enfrentar as "tempestades” do dia-a-dia.
Para começar deixamos-te um conto de boas-vindas. Esperamos que gostes!
A Ilha Verde revirou os olhos espantados
ao ver um barco tão pequenino, como nunca nenhum tinha entrado no seu porto.
- Olá! Bom dia! Eu sou a Ilha Verde. E
tu, como te chamas?
- Eu sou o Barquinho Sem Nome.
- Sem nome? – admirou-se ela, abrindo
ainda mais a boca da enseada.
- Sim. Tu só dás nome a alguma coisa de
que gostas; e como eu ainda não tive quem gostasse de mim, não tenho nome.
- Se calhar é por seres pequeno e ainda
não te dares com muita gente…
- Já corri alguns mares e já vou
conhecendo os ventos e as correntes. Mas as pessoas… é mais difícil. A minha
vida é sempre a navegar e não tenho tempo para criar amigos. Quando chego a uma
terra, estou tão cansado que só me apetece dormir. E, assim, passo por muitos
sítios e por muita gente, mas nunca conheço ninguém, nem crio laços de amizade.
Por isso não tenho nome…
- Mas deve ser bom poder viajar como tu…
- suspirou a ilha. – Queres levar-me contigo?
- Tu és uma ilha e eu não posso transportar-te. Tu estás presa à rocha lá por baixo do mar. Mas podes divertir-te a mergulhar fundo nas tuas águas, vendo as plantas marinhas dançarem ao som da música do silêncio e dos coros de peixes que abrem e fecham as bocas ao mesmo ritmo. Tu tens a sorte de ter sempre a teus pés esse espantoso mundo do fundo do mar. Não lamentes não poderes vir comigo.
- Tens razão: também é bom ser como sou.
Mesmo assim tenho pena de não conhecer outras paragens…
- Se tens tanto desejo de ir pelo mundo fora, o mais que eu posso fazer é levar uma das tuas gaivotas e ela depois conta-te como é esta vida de viagem .
E assim foi. Sortearam a quem caberia a
vez e foi a gaivota mais traquina da Ilha Verde que se preparou para partir.
Às vezes ficavam longo tempo calados,
sentindo o bater das ondas rasgadas pela quilha do barco. Outras vezes,
punham-se a fazer corridas, a ver quem levava a melhor. O que interessava era
mesmo a brincadeira e acabavam por esquecer quem ganhava ou perdia.
E tornaram-se tão inseparáveis que o
Barquinho Sem Nome passou a ser conhecido pelo “Gaivota do Mar”.
A viagem decorria calmamente. O tempo
estava bom e o mar era um lago.
Mas uma noite…
Pum! Pumbarapum! Barapumpumpum!
O “Gaivota do Mar” assustou-se: nunca
tinha vivido uma trovoada a sério.
Os raios faziam riscos de luz
enraivecida no espaço negro, como lanças atiradas para o mar. Este inchou as
ondas e rugiu alto. Até a noite acordou e chorou em gritos o sono perdido,
vestida de um ar roxo, quente e abafado.
O Barquinho parou, a tremer.
Valeu-lhe a sua amiga gaivota que o
acalmou:
- Não tenhas medo! O tempo zanga-se de
vez em quando, mas nunca dura muito. Agora faz-nos balouçar um pedaço, mas
depressa se há-de cansar e com meia dúzia de relâmpagos fica satisfeito. Faz é
muito barulho e incomoda toda a gente. Mas nós já sabemos que ele tem mau
génio.
E o Barquinho continuou a avançar, com
muito cuidado, subindo as ondas e descendo até aos buracos que se abriam no
meio do mar. E o seu narizito arrebitado tornou-se ainda mais arrebitado, para
cortar o caminho a direito.
No dia seguinte, o tempo amainou e
puderam tomar um rico banho, descansando da noite atribulada.
As ondas, pintadas de verdes e azuis
variados, propuseram-se ajudá-los.
- Não foi por mal que ontem não te
deixamos seguir com a velocidade que desejavas. O Tempo é que mandou. E ele é o
nosso senhor. Mas hoje vamos puxar para o teu caminho as correntes mais
favoráveis, e tu vais recuperar as horas perdidas.
O Barquinho agradeceu às ondas o auxílio
e à gaivota a companhia:
- Amiga! É tão bom não nos sentirmos sós
no meio da tempestade… E caminharam juntos, até que…
- Já tenho saudades da minha ilha –
disse a gaivota. – Gosto de ti, mas é altura de regressar. Lá tenho a minha
casa e a minha família. É o lugar que escolhi para viver. É possível que não
nos vejamos durante muito tempo, mas sabemos que somos amigos e poderemos
viajar no coração um do outro. E quando voltares a passar perto da minha ilha
não te esqueças de me vir visitar.
- Irei - prometeu o “Gaivota do Mar”. –
Depois tu mostras-me a tua terra e ensinas-me a conhecê-la como tu a conheces e
a gostar dela como tu gostas. Tornar-se-á também a minha ilha.
“E se criar amigos em todos os sítios
por onde passar, poderei sentir-me um pouco como o sol e habitar o mundo
inteiro como se fosse a minha própria casa.”
Maria Maya
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